domingo, 20 de maio de 2012

Os grandes projetos e a economia regional


Grandes Projetos: "desenvolvimento e progresso”.
Amazônia torna-se uma região-programa
A partir da década de 1950 houve, no Brasil, a consciência de que o Pará e a Amazônia não deviam mais ficar isolados do resto do país. A Amazônia, por sua enorme riqueza natural, começou a ser cobiçada por alguns países, que defendiam a tese de que a Amazônia era um patrimônio extraordinário, não explorado, e que devia ser internacionalizada: desta forma, um conjunto de países poderia supostamente gerenciar os recursos naturais da Amazônia. É assim que o Governo Federal teve a idéia de implantar um desenvolvimento planejado para a região.
Para desenvolver a Amazônia, marcar a presença do governo federal na região e protegê-la da cobiça internacional, foi criada a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVA), em 1954. Foi a primeira experiência no país de um plano governamental visando a valorização de uma região. Com o Primeiro Plano Qüinqüenal (1955-59), o governo federal queria constituir uma economia rentável e estável na região e converter a população extrativista numa sociedade assentada em uma economia de base agrícola. O governo não cogitou, de fato, de explorar a riqueza da floresta e dos rios da Amazônia, embora este propósito estivesse no Primeiro Plano Qüinqüenal:
1 – produção de alimentos, em uma proporção pelo menos equivalente as suas necessidades de consumo;
2 – produção de matérias-primas e produtos alimentares necessários à economia nacional e que o país precisa importar;
3 – exploração das riquezas extrativistas e minerais;
4 – conversão da economia extrativista e comercial numa economia agrícola, industrial e pecuária;
5 – aperfeiçoamento dos transportes;
6 – elevação do nível de vida e da cultura política e técnica de sua população.
O plano do governo federal possuía de fato diversos equívocos. A maior riqueza da região conhecida na época eram a floresta e os rios. Mas o plano visava dominar o meio de forma agressiva, isto é, derrubar a floresta a fim de produzir a agricultura e a pecuária, após a derrubada ou a queimada da mesma. Nesse período verifica-se o desenvolvimento do setor madereiro que teve como conseqüência a derrubada de grandes extenções de mata, sem qualquer preocupação com o reflorestamento. A produção de matérias-primas estava voltada para serem exportadas, ou seja, gerando lucros no exterior. De fato, o governo federal não aprendera a lidar com a Amazônia.
Nesse período criaram-se as universidades e centros de pesquisa científica como a Universidade Federal do Pará - UFPA, a Faculdade de Ciências Agrárias do Pará - FCAP (atualmente UFRA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Estado do Pará – EMBRAPA, em Belém. Em Manaus foi criado o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA.
Os Grandes projetos
O Estado do Pará, pelo seu potencial energético e mineral, passou a ser foco de atenção. No Pará houve instalação de Grandes Projetos econômicos voltados para o mercado internacional ou destinados à produção de insumos para indústrias localizadas em outras regiões do país.
A década de 1970 no Brasil irá marcar um momento em que emerge no âmbito político e econômico brasileiro um novo padrão de desenvolvimento baseado na ocupação territorial, comandado pelo Estado e pelos Grandes Projetos, postos em ação no âmbito dos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs). Isto surge inicialmente no governo do general Emilio Garrastazu Médici(1970-1974).
A estratégia de desenvolvimento do governo Médici, que buscava a recuperação econômica e a superação do subdesenvolvimento do Brasil, pretendia realizar isto através de uma política nacional que visava transformar o país em “nação desenvolvida” dentro de uma geração.
Texto e Contexto
“O objetivo síntese da política nacional é o ingresso do Brasil, até o fim do século, no mundo desenvolvido. Para isso, construir-se-á, no País, uma sociedade efetivamente desenvolvida, democrática e soberana, assegurando-se, assim, a viabilidade econômica, social e política do Brasil como grande potência.”
(SUDAM. Amazônia: política e estratégia de ocupação e desenvolvimento. Política Nacional. Belém-Pará: Sudam/Divisão de Documentação, 1973. p. 5.)
Médici foi sucedido, em 1974, pelo general Ernesto Geisel (1908-1996). O presidente Geisel, o quarto presidente da República (1974-1979) do ciclo militar, governou com dificuldades econômicas devido à crise mundial do petróleo.
Porém, Geisel optou por ampliar os programas de modernização econômica para consolidar a base industrial, energética e tecnológica do país.
Neste contexto, um conjunto de medidas começou a transformar a economia regional a fim de fomentar o tão pretendido desenvolvimento regional na Amazônia. Cria-se a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), em substituição à SPVEA, e o Banco da Amazônia (BASA), em substituição ao antigo Banco de Crédito da Amazônia. Estruturas estas subordinadas diretamente à tecnocracia dos Ministérios e à ação do poder central. Com isto pretendia-se afastar a influência do poder local no tocante à tomada de decisões; isto mais um dos exemplos do autoritarismo do regime militar imposto à região.
A ação de desenvolvimento econômico para a região amazônica adotada pelo governo Geisel e consolidada no II Plano Nacional de Desenvolvimento e no II Plano de Desenvolvimento da Amazôniadestacou ênfases ao processo de desenvolvimento e modernização da economia regional, através da estrutura industrial juntamente com a preocupação da exploração dos recursos naturais. A finalidade desses planos era intensificar a integração da Amazônia na economia do país e promover a ocupação territorial e a elevação do nível de segurança na área por meio do alargamento da fronteira econômica e, com isto, realizar a manutenção de altas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
De fato, a Amazônia era vista como uma região marcada negativamente pelo “rudimentarismo” de suas forças produtivas que a deixavam “à margem da evolução econômica” do país.
Texto e Contexto
Durante três séculos e meio, o eixo econômico da Amazônia se desenvolve em torno do rio, em cujas margens se instalaram as cidades e as comunidades rurais. Durante três séculos e meio, com a mentalidade dominante voltada quase exclusivamente para o extrativismo vegetal, dependendo tradicionalmente da coleta da borracha, da castanha, das madeiras, das peles de animais silvestres, a região se manteve à margem da evolução econômica brasileira.
(SUDAM. A Amazônia e seus problemas. Economia. Belém-Pará: Sudam/Divisão de Documentação, 1972. p. 16.)
Os Planos de Desenvolvimento para a região amazônica faziam parte da ideologia da ditadura militar no Brasil; uma “ideologia do desenvolvimento”. Traçaram e sustentaram as estratégias e os planos de crescimento nacional e regional marcado por uma euforia desenvolvimentista para preservar e legitimar a própria ditadura. Desempenharam um papel essencial na cantata “Brasil Grande”, “Brasil Potência”, e pela busca da manutenção do “Milagre Brasileiro”.
Em termos de realização de Grandes Projetos, os principais empreendimentos produtivos que se instalaram na região amazônica foram estes: a Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHT), sobre o rio Tocantins; o da Mineração Rio do Norte (MRN), de exploração de bauxita metalúrgica, a noroeste do Estado, no município de Oriximiná; o da Albrás e Alunorte de produção de alumínio e alumina, respectivamente, localizados nas proximidades de Belém, no município de Barcarena; o Projeto de Ferro Carajás (PFC), no sudeste do Estado, no município de Parauapebas.

Algumas informações:
1 – bauxita: esta rocha é a matéria-prima para a produção de alumínio (ela é o minério que dá origem ao alumínio);

2 – celulose: matéria-prima retirada da madeira e usada na produção de papel;

3 – caulim: argila necessária para a fabricação de papel;

4 – bauxita refratária: utilizada para tijolos de alto-fornos que funcionam com temperatura superior a 1 500 graus, onde o tijolo comum não resistiria;

5 – alumina: obtida da bauxita; é a base da fabricação do alumínio;

6 – alumínio: metal utilizado na fabricação de panelas, aviões, estruturas metálicas, janelas, etc.;

7 – silício metálico: amplamente utilizado em eletrônica (chips de computadores, etc.);

8 – minério de ferro: rocha que contem uma grande proporção de ferro;

9 – ferro-gusa: ferro simples;

10 – ferro-liga: ferro aliado ao manganês; fica mais resistente que o ferro;

11 – cobre: metal muito utilizado em material elétrico;

12 – manganês: metal utilizado em ligas metálicas;
A Amazônia brasileira se insere no contexto da ideologia de desenvolvimento regional e segurança nacional do regime militar. Era um período marcado pelo autoritarismo, repressão, perseguição policial e militar, supressão de direitos constitucionais e da liberdade de expressão nos meios de comunicação mediante a adoção da censura prévia. Porém, contraditoriamente, foi um momento também marcado por uma euforia desenvolvimentista.
A construção da rodovia Transamazônica e a implantação de Grandes Projetos industriais e infra-estruturais, como a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, tinham de certa forma um estreito relacionamento; faziam parte da estratégia geopolítica militar para a região. Isto representou um processo expansionista profundamente idealizado que buscava atingir o objetivo de ocupar os “espaços vazios” da região amazônica. As conseqüências sobre o meio ambiente, a rica biodiversidade regional e seus recursos naturais, e sobre o homem, em uma região de povos e culturas diversificadas, eram vistas como parte de um projeto maior.
Projeto ALBRAS-ALUNORTE
O Projeto Albras/Alunorte localiza-se no município de Barcarena e está voltado para a produção industrial de alumínio a partir das jazidas de bauxita do rio Trombetas (município de Oriximiná, Estado do Pará).
A origem dos projetos está na descoberta da jazida de bauxita no rio Trombetas, entre as melhores do mundo. O minério encontrava-se quase na superfície. Era retirada do estéril (as rochas sem valor) com uma “drag-line”, máquina que retira 8 milhões de toneladas por ano. O início da implantação da ALBRÁS/ALUNORTE foi dirigida pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) que comunicou ao governo do Pará sobre o projeto destinado à produção de alumina e alumínio tendo como sócios empresários japoneses que investiram no projeto.
A Bauxita.
A Alumina.

Lingotes de Alumínio na Albras.
O projeto Albras/Alunorte, criado durante o período do regime militar, inserido em um contexto de busca pelo desejado desenvolvimento regional, crescimento econômico e segurança nacional, gerou (e gera) graves danos ao meio ambiente e a população existente nas proximidades deste grande empreendimento industrial.
Na região de influência do Projeto Albrás-Alunorte, nas redondezas do município de Barcarena, ocorre com freqüência danos ao meio ambiente, como os casos de poluição do rio Murucupi, situado no município de Barcarena, que geraram envenenamento em suas águas, em decorrência de poluição provocada pela Alunorte, o que atingiu diretamente o meio ambiente e pescadores e ribeirinhos e suas relações de trabalho, a pesca, já que provocou a morte de várias espécies de peixes no rio.
Área de recomposicao de rejeito da bauxita da Alunorte Na época de chuvas intensas no Pará, é comum está área transbordar e provocar poluição em sua área de influência (ver em Texto Complementar).
Projeto Ferro-Carajás.
A Serra dos Carajás, serra do estado do Pará, ficou logo famosa pela imensa riqueza mineral, principalmente ferro, cujo volume foi cubado em 5.000.000 de toneladas. Formada de rochas cristalinas, corresponde a um planalto residual que tem expressão no setor meridional dos estados do Amazonas e Pará. Os planaltos residuais da Amazônia correspondem a um agrupamento de relevos interpenetrados pela superfície pediplanada da depressão amazônica. Em 1967, ricas jazidas de ferro foram descobertas na serra dos Carajás pela Companhia Meridional de Mineração, subsidiária da United States Steel Corporation. A importância da descoberta originou o interesse da participação da Companhia Vale do Rio Doce, tendo sido criada, em 1970, a Amazônia Mineração S/A para desenvolver o Projeto Carajás. Outras reservas foram descobertas: cobre, manganês, bauxita, níquel, estanho e ouro. Na região, logo se deu muitos conflitos pela posse de terras.
Jornal O Globo, 07/07/1974.
O Projeto Ferro-Carajás corresponde a exploração da região, localizada no Brasil, muito significativa em termos de riquezas minerais; uma das mais importante do mundo. Abrange o sudoeste do Pará, o norte de Tocantins e o oeste do Maranhão. A área tem potencial hidrelétrico, amplas florestas e condições que permitem o reflorestamento para produção de celulose e carvão vegetal. É cortada pelos rios Tocantins, Araguaia e Xingu. Foi em 1967, ano em que foram descobertas suas riquezas minerais, que a região se tornou extremamente valiosa. Essas riquezas, estimadas em aproximadamente 20 bilhões de toneladas, consistem em jazidas de cobre, estanho, ouro, bauxita, manganês e níquel, e são passíveis de exploração por meio de tecnologia simples, o que significa baratear o custo.
O minério de ferro, extraído na mina da Serra de Carajás, era então transportado para o Maranhão. Lá fazia-se os lingotes de ferro, que são exportados pelo porto de Itaqui. E o ferro ocupava, na época do início da implantação do projeto, o terceiro lugar na pauta dos produtos de exportação do Brasil. Daí vem a importância de Carajás e da sua Estrada de Ferro Carajás; esta última construída na década de 80, uma obra de 900 km, através da floresta.

Projeto Ferro Carajás na Serra dos Carajás.
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHT)
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHT) foi construída pela Eletronorte no rio Tocantins, na mesorregião do Sudeste Paraense, a treze quilômetros de Tucuruí e a cerca de 350 quilômetros de Belém.
Rio Tocantins antes da formação do lago (16/06/1984). Imagem do Satélite Landsat. 
Rio Tocantins após a formação do lago (22/06/1992). Imagem do Satélite Landsat. 
Texto e Contexto
O Govêrno Federal procurando evitar e superar todos os pontos de estrangulamento que retardam o desenvolvimento harmônico da área amazônica envidará, no triênio 1972/74, todos os esforços no sentido de dotar o setor Energia de um complexo compatível com as reais necessidades.
(SUDAM. Plano de Desenvolvimento da Amazônia (1972-1974). Capítulo 4, Serviços Básicos. Belém-Pará, 1971. p. 65.)
O objetivo de construir a Usina de Tucuruí foi para gerar energia elétrica para atender os projetos de extração mineral e a industrialização, principalmente, ao Distrito Industrial de Alumínio em Barcarena e ao Projeto de Ferro em Carajás.
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí, Tucuruí, Pará.
A Barragem da UHE de Tucuruí no Rio Tocantins. Imagem de satélite do Google Earth.
Texto e Contexto
A construção dessa usina permitirá a criação de um pólo industrial com base na metalurgia do alumínio a partir da bauxita do rio Trombetas. Marginalmente, contribuirá para a exploração do minério de ferro da Serra dos Carajás, não somente nos aspectos relacionados à lavra, terminais e siderurgia, como, especialmente, no tocante ao transporte ferroviário, com a eletrificação da ferrovia ligando a mina a Itaqui, no Maranhão. (SUDAM. II Plano Nacional de Desenvolvimento; programa de ação do governo para a Amazônia (1975-1979). Capítulo 7, Ação programada do Governo Federal para a Amazônia. Belém, 1976. p. 75.)
A construção de grandes empreendimentos hidrelétricos provoca muitos impactos sociais e ambientais negativos. Pode gerar a desaparição de espécies devido ao alagamento de florestas.
Movimentos migratórios de peixes podem ser interrompidos, gerando o desaparecimento de algumas espécies, o que pode atingir a relação de trabalho da população local.
Um dos impactos sociais mais negativos diz respeito ao remanejamento das populações atingidas pelo alagamento causado pelos reservatórios de barragens, pois pode implicar em perda de qualidade de vida e em ameaças à existência de vários grupos sociais.
As sociedades indígenas Parakanã, Asurini (ambos grupos Tupi) e os chamados “Gaviões da Montanha” (um grupo local dos Parkatêjê, Jê-Timbira) foram diretamente afetados com a construção e operação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí.
Esses grupos indígenas perderam parte de suas terras devido o alagamento das mesmas pelas águas do reservatório da Usina de Tucuruí. As terras desses grupos indígenas passaram a ser invadidas com freqüência, principalmente por madereiros que realizam a retirada ilegal de madeira e provocam queimadas nas florestas.
A população da região de Tucuruí também foi afetada devido ao enchimento do reservatório da Usina de Tucuruí, sendo que muitas foram remanejadas de suas casas, aproximadamente 1.500 famílias foram desabrigadas.
Arca - boletim do movimento dos desapropriados pela Eletronorte, 1983.
Aspectos administrativos e econômicos dos grandes projetos
Todos os grandes projetos foram decididos fora do Pará, a nível nacional (governo federal) e internacional (empresas multinacionais de mineração). A sociedade local pouco pôde interferir nas negociações.
Todos tratam de produção extrativa de minerais e de produção de energia elétrica e, no caso da bauxita, da primeira transformação do minério. Esses projetos todos visavam à exportação. Não há industria de transformação dos minérios em produtos manufaturados (de consumo). Não há, no caso dos minerais, empreendimento que não seja do interesse de outros países: o Pará continua a importar produtos manufaturados de ferro e alumínio. Foi o mesmo no caso da borracha e da madeira.
Todos utilizam tecnologia que faz uso intensivo de capital e poupa mão-de-obra. Assim, geram poucos empregos.
Os países estrangeiros dominam o mercado da produção, de compra e venda dos minérios, através de empresas multinacionais que operam na região no mercado internacional, controlando os preços e a própria produção.
Finalmente, parecem poucas vantagens para o Estado do Pará e os municípios da região.
Aspectos humanos dos grandes projetos
Praticamente todos os projetos provocaram uma grande mobilização de mão-de-obra durante a sua implantação. Contudo, economizaram trabalhadores na fase de funcionamento. Na fase de negociação, foram previstos 100.000 empregos na mineração e na metalurgia, mas, após a implantação foram gerados somente 2.000 pela Alunorte e Albrás e 8.000 pelo Projeto Ferro-Carajás.
Alguns projetos tiveram efeitos piores para as famílias que antes viviam em Barcarena, onde foram construídas as fábricas dos projetos metalúrgicos e na região que foi inundada pelo lago da represa de Tucuruí, provocando a desapropriação de cerca de 10.000 famílias de pequenos agricultores e o deslocamento de povos indígenas, como os Pacuruí e os Parakanã.
O surto da garimpagem
Até os anos 60, menos de 10.000 homens garimpavam no Pará. O número subiu até 150.000 nos anos 80 (a metade do país), e cerca de 400.000 no começo da década de 90. Foi a corrida de garimpeiros vindos de muitos Estados pelas rodovias.
Desde o século XVI, os portugueses tiveram grande interesse em encontrar ouro no Brasil, para isso organizando-se as entradas e bandeiras. A produção aurífera expandiu-se até 1760, quando a diminuição dos veios, a baixa tecnologia e o contrabando provocaram uma contínua decadência.
No século XIX novas tecnologias permitiram a retomada, mais modesta, da produção e no século XX descobriram-se novas reservas auríferas em outros estados, como a de Serra Pelada, no Pará.
Foi início dos anos 80 correu a notícia de ouro em Serra Pelada. Caminhões de paus-de-arara chegavam à região, principalmente do sudoeste do Maranhão, uma das regiões mais miseráveis do país. O Pará chegou a possuir mais de 800 garimpos em atividade. Em termos numéricos o Vale do Tapajós detinha a maior parte. Lá os garimpos eram flutuantes, isto é, feitos sobre balsas.
Serra Pelada, em 1982. São 80.000 garimpeiros com sacos de terra para extrair o ouro.
A extração de ouro é feita através de balsas ancoradas no meios dos rios e que servem de base para as máquinas de sucção. Estas extraem o cascalho do fundo dos rios. O trabalhador principal aí é o mergulhador. Surdez, morte por afogamento são fatos corriqueiros. Mas isto é inexpressivo se comparado com a contaminação por mercúrio.
De fato, o grande surto da garimpagem trouxe grandes conseqüências negativas para a região. O uso de mercúrio no tratamento do ouro criou uma situação nunca vivida pela região em termos depoluição química. O mercúrio causa danos renais e sobretudo neurológicos. A maioria das pessoas lesionadas por mercúrio ficavam definitivamente inválidas. A lesão neurológica é irreversível. Os peões “brabos” eram comumente usados no serviço de tratamento do ouro e, quando adoecem, são despedidos e quase sempre retornam a seu lugar de origem. As espécies animais expostas ao mercúrio produzem crias com deformidades congênitas. Os peixes de regiões contaminadas não podem ser consumidos.
Texto Complementar
Mortandade de peixes em Barcarena deixa em alerta os órgãos ambientais
O Liberal, 08/04/2003, caderno Atualidades.
O pescador Edval Moraes da Silva, 52, ergue do rio um tucunaré de quase três quilos. Em outra situação a presa daria orgulho à pescaria de qualquer ribeirinho do rio Murucupi, bairro do Laranjal, Barcarena, há 136 quilômetros de Belém. Mas o peixe que Edval mostra não lhe da orgulho, não caiu na rede nem na isca. Morreu asfixiado em um rio que agoniza por um desastre ambiental. Desde sexta-feira 4, a maré tem trazido e levado centenas de peixes mortos, principalmente tucunarés e acarás tinga, para o rio Arrozal, onde o Murucupi desagua.
Não há certeza de quando o fenômeno começou. Alguns moradores da área dizem que desde quinta-feira, 3, a água do rio, antes cristalina, vem ganhando uma coloração marrom avermelhada. Na cabeceira do rio estão localizados os esgotos da Vila dos Cabanos e da fábrica de alumínio Alunorte. Antes ainda há um lixão a céu aberto que recebe os rejeitos domésticos da cidade.
Sindicato dos Químicos encontra tubulação poluindo rio Murucupi
O Liberal, 12/04/2003, Caderno Atualidades.
Uma tubulação que sai da empresa Alunorte e expele resíduos de cor avermelhada que escoam por uma estrada até atingir a nascente do rio Murucupi foi decoberta ontem por integrantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas do Município de Barcarena. De acordo com o presidente do sindicato, Manoel Paiva, a tubulação sai de um local próximo às baias de rejeitos da Alunorte, mas não passa pela “ala 82”, local que trata os rejeitos químicos para garantir a redução de impactos ambientais.
Os representantes do Sindicato foram recebidos ontem mesmo pela gerência de meio ambiente da Alunorte, para a qual foi apresentada a amostra dos rejeitos expelidos pela tubulação. A amostra do material viscoso e de cor avermelhada com partículas sólidas foi coletada no local por Paiva, que também é estudante do terceiro ano de Engenharia Ambiental pela Universidade do Estado do Pará (Uepa).
Segundo Paiva, a gerência ambiental da Alunorte informou desconhecer a tubulação. “Eles se comprometeram a investigar a origem da tubulação, analisar as amostras e nos apresentar os resultados em uma reunião na próxima quarta-feira”, informou. Paiva também disse estranhar o desconheicmento da empresa sobre a tubulação. “Se eles não conhecem, há alguma falha muito grave no controle da emissão de rejeitos e dos impacotos ambientais”, ressaltou.

domingo, 13 de maio de 2012

 GEOGRAFIA
COMERCIO MUNDIAL E BLOCOS ECONÔMICOS
Neste tópico inicial iremos esboçar no que consiste a economia e a ética e quais suas relações existente em nosso dia-a-dia? Qual sua influência na vida em sociedade? E de que forma podemos intervir na modificação do sistema econômico mundial? Nos debruçaremos na tentativa de elucidar esse questionamentos tão pertinentes para a nossa prática em sala de aula.
Desta forma como poderíamos definir economia? Economia consiste na produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Se formos observar a economia é parte integrante da sociedade sendo imprescindível para o seu funcionamento, cabe a economia ainda regular as necessidades humanas a quantidades de recursos disponíveis, sendo assim não é difícil perceber que até mesmo nas relações mais casuais de nossa vida executamos as práticas econômicas, como por exemplo, o simples fato de consumirmos, comprarmos, nos deslocarmos para certos espaços em busca de mercadorias, nos faz atores atuantes economicamente, ou seja, somos parte integrante da atividade econômica.
Em economia é muito complexo tentar racionalizar as ações humanas, na possibilidade de equilibrar o consumo humano com a vontade desenfreada por ações consumistas, é mais complicado ainda encontrar uma fronteira entre a necessidade e o desejo, o homem tem desejo ilimitados, porém possui recursos limitados.
As leis de mercado e suas ações incondizentes com os princípios éticos determinam que os recursos mais procurados serão os mais valiosos e se esgotam facilmente, desta forma não existe responsabilidade na elaboração de práticas menos danosas ao meio-ambiente, sendo prioridade a satisfação do lucro máximo para as empresas tendo como vencedor o critério de eficiência lucrativa degenerando o critério ético.     
Agora imagina só os nossos educandos, será que eles possuem esta noção de que a prática econômica faz parte do seu viver?  Será que eles conseguem perceber que eles vivem em mundo desigual onde as práticas econômicas não se dão de forma equilibrada, onde muitas vezes alguns países se privilegiam economicamente em detrimento de outros?
A nossa inquietude como profissional da educação se eleva perante a situação que se opera no mundo, desta forma não podemos nos furtar da responsabilidade de mostrar que as relações econômicas se comportam de forma irregular e interferem diretamente na vida de nossos alunos, o que pensar, por exemplo, de práticas econômicas de empresas estadunidenses que expandem seus produtos para as mais diversas partes do espaço mundial, abocanhando os mais variados mercados e usufruindo de sua mão-de-obra barata e recursos naturais?  E por outro lado muitas empresas dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos são sujeitas a regulamentos e exigências rígidas para penetrarem nos mercados estadunidenses? Sendo a ética o conjunto de padrões de conduta entre as pessoas e os grupos sociais, como poderíamos considerar tal pratica econômica adequada, se apenas um dos lados acaba por se beneficiar?
Na tentativa de se proteger e possibilitar um equilíbrio econômico maior entre os países, algumas nações passaram a se organizar em blocos econômicos como veremos a seguir.
BLOCOS ECONÔMICOS
A integração econômica de vários países possibilitou a criação de blocos econômicos regionais, em uma etapa do espaço vivido de uma economia globalizada cada vez mais competitiva, onde o fortalecimento econômico por meio do agrupamento de países é um valioso instrumento frente as disputas comerciais.
Existe um velho ditado muito sábio, utilizado popularmente que diz: “a união faz a força”, o que de certa forma acaba sendo o lema dos blocos econômicos, em busca de prosperidade econômica, pois hoje no mundo ninguém faz nada sozinho, o que tem grande semelhança com a vida em sociedade, pois sempre precisamos do próximo para desempenhar nossas funções diárias.
Para que os Blocos Econômicos possam se desenvolver com bons resultados financeiros, sua relação deve ser madura e bem organizada, pois o campo de lutas entre os países precisa ser de uma negociação que privilegie o equilíbrio econômico. Tornar o espaço econômico mundial equilibrado é um objetivo que repousa na justiça da compensação financeira, trocando em miúdos, as relações comerciais devem primar pela transparência e igualdade nas negociações, eliminando as transações comerciais exploratórias e antiéticas.
O NÍVEL DE INTEGRAÇÃO E OS DIFERENTES TIPOS DE BLOCOS ECONÔMICOS
Os blocos econômicos existentes na atualidade apresentam-se em diferentes níveis ou estágios. Alguns deles encontram-se em estágios de integração mais avançados, como a União Européia, que até mesmo possui uma moeda única. Outros blocos criados recentemente, ainda estão em processo inicial de integração, enquanto outros estabelecem acordos que limitam a integração econômica, e restringem-se apenas a criação de uma Zona de Livre Comércio ou de uma União Aduaneira.
ZONA DE LIVRE COMÉRCIO
Em uma Zona de Livre Comércio, os países eliminam com o passar do tempo as barreiras com tarifas de cobrança por produto, para estimular as trocas comerciais e os investimentos entre eles. Esse é o estágio mais inicial de integração de um bloco econômico, um exemplo é o Nafta formado pelos Estados Unidos, Canadá e México
UNIÃO ADUANEIRA
Na união aduaneira assim como na Zona de Livre Comércio, os países praticam a livre troca comercial, suspendendo naturalmente as taxas sobre produtos entre eles. No entanto adotam uma tarifa externa comum (TEC) para as relações comerciais com outros países do mundo. Neste caso, os produtos importados de outros países pagam os mesmos impostos e taxas para entrar em qualquer um dos países do bloco, um exemplo deste nível de integração é o MERCOSUL.
MERCADO COMUM
Além de estabelecerem livre circulação de mercadorias e de serviços, o mercado comum também estabelece livre circulação de capitais (investimentos) e de pessoas (trabalhadores) entre os países membros. Nesse estágio os países também padronizam seus impostos e sua legislação, criando instituições e órgãos como bancos e instituições que tratam do estímulo e fiscalização das trocas comerciais.
UNIÃO ECONÔMICA E MONETÁRIA
É o estágio mais completo de integração entre os países de um bloco econômico. Nesse estágio os países passam a estabelecer a padronização de suas políticas econômicas com metas que fixam as taxas de juros, inflação e etc. Para atingir essas metas os países criam um Banco Central único e substituem as moedas nacionais por uma moeda única. A União Européia é o único exemplo de união econômica e monetária no mundo hoje.
MERCOSUL E SUAS DIFICULDADES DE INTEGRAÇÃO
O Mercado Comum do Sul começou a ser formado em 1985, nos governos de Raúl Alfonsín (Argentina) e José Sarney (Brasil), para viabilizar o projeto os países abdicaram de seus projetos hegemônicos para consolidar alianças.
No entanto a consolidação se deu em 26 de março de 1991 com o Tratado de Assunção. Os presidentes do Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil, e seus respectivos Ministros das Relações Exteriores assinaram este acordo que estabelece a integração econômica dos quatro países para seu desenvolvimento tecnológico e científico.
Esse tratado visava inicialmente estabelecer uma zona de livre comércio entre os países membros por meio da eliminação de tarifas alfandegárias e de restrições não tarifárias como cotas de importações e proibição de importação de determinados produtos, liberando a circulação de mercadorias. Alcançada essa meta, fixou-se uma política comercial conjunta dos países do MERCOSUL em 1996, e o Peru, em 2003. Em 2004, foi decidido que a Venezuela, a Colômbia e o Equador seriam incorporados ao bloco como países associados. Isso não significa, porém a entrada desses países no bloco, mas apenas a abolição gradativa de barreiras alfandegárias visando estimular o comércio internacional.
Após a assinatura do protocolo de Ouro Preto em 1994, o MERCOSUL transformou-se em união aduaneira, quando passou a vigorar a TEC (Tarifa Externa Comum) mesmo que não sendo aplicada a maioria dos produtos, representou um avanço significativo ao processo de integração.
     Existem perspectivas para se construir um mercado comum como atual estágio de integração do MERCOSUL, porém um longo caminho deve ser delineado marcado por retrocessos principalmente entre Brasil e Argentina que se configuram como as duas maiores economias do MERCOSUL e rivalizam em diversos setores econômicos pelas fatias do mercado regional.
As pretensões atuais de entrada da Venezuela podem potencializar a dinâmica interna do bloco, o protocolo de adesão da Venezuela ao MERCOSUL foi assinado em 2006 e deve ser aprovado por todos os integrantes para que o país se torne um membro integral do bloco neste ano de 2010, Argentina e Uruguai já ratificaram o ingresso da Venezuela no MERCOSUL. O Paraguai espera a decisão do Brasil para votar o protocolo.
A opinião pública apresenta diversos pontos de vista sobre a entrada da Venezuela no MERCOSUL se alternando entre os pontos positivos e negativos da entrada deste país no bloco econômico.
     Pontos positivos:
ü Ampliará o mercado - 250 milhões de pessoas que corresponde a 70% de toda a América do sul.
ü Perspectivas de se atingir um PIB de 1 Trilhão de dólares.
ü Maiores relações comerciais com o Brasil elevando a arrecadação de capital
ü Países do norte do Brasil podem ser beneficiados
Ex: O Pará em 2009 exportou para Venezuela 314 milhões de reais só em gado.
     Pontos negativos:
ü Pode ser prejudicial, pois Chávez possui atitudes antidemocráticas dentro do território Venezuela.
ü Pode utilizar o MERCOSUL para se fortalecer perante os EUA o que poderá prejudicar as relações bilaterais entre Brasil e E.U.A
NAFTA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS
O Nafta (Acordo de livre Comércio da América do Norte), assinado em 1992 por Estados Unidos, Canadá e México, entrou em vigor em 1 de janeiro de 1994. Foi precedido por um tratado de livre comércio entre os Estados Unidos e o Canadá de 1998
quanto à potência norte-americana, depois de ter estimulado o multilateralismo desde a Segunda Guerra, rendeu-se ao regionalismo econômico.
O país encarou com certa reserva a formação de blocos comerciais durante esse período porque considerava esses arranjos uma forma de limitar seus mercados no mundo, já que concentravam regionalmente o comércio. Só concordou com a comunidade econômica européia (atual União Européia) em 1957, porque julgava que o acordo ajudaria a consolidar o capitalismo na Europa Ocidental e a deter o avanço do comunismo.
No atual mundo globalizado, com o aumento da concorrência e a consolidação da tendência de formações de blocos, os norte-americanos vêem no regionalismo comercial um meio de expandir seus interesses econômicos (tanto que firmaram acordos bilaterais com vários países, entre os quais a Austrália, Cingapura e Chile) e estão se empenhando em ampliar os acordos, principalmente nas Américas. Seu principal projeto é o de constituir a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas). Os últimos números mostram que se acentuou bastante a dependência do México e do Canadá em relação aos Estados Unidos.
Desde a criação do Nafta houve um grande crescimento do comércio intrabloco, que desviou fluxos de mercadorias de outras regiões, sobretudo da União Européia. Tendo como centro polarizador a gigantesca economia dos Estados Unidos (88,6% do PNB do bloco), essa zona de livre comércio está se implantando com gradativa redução das barreiras alfandegárias entre os países.    
Nem mesmo os trabalhadores norte-americanos, que aparentemente seriam favorecidos com o crescimento da economia, têm o que comemorar com a vigência deste acordo. Vários estudos mostram que os únicos beneficiados foram às grandes corporações empresariais. Os benefícios foram tais que, já em 1994, as grandes corporações economizaram US$ 16 bilhões apenas com gastos em mão-de-obra.
Para os trabalhadores o resultado foi o aumento do desemprego, a queda de rendimentos e a precarização do trabalho. Estudos indicam que o NAFTA entre 1994 e 2000 , eliminou 766 mil empregos nos EUA.
Muitas companhias se mudaram para o México, para tirar proveito dos salários de 5 dólares ao dia pagos aos trabalhadores. Sem direitos trabalhistas e sindicais, os mexicanos não podem se organizar para aumentar seus salários. Os trabalhadores dos EUA hoje encontram trabalho com menos segurança e salários bem menores aos que originalmente recebiam.
O quadro é pior no Canadá um dos países mais ricos do mundo e que há tempos mantém na liderança do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU. Nos primeiros oito anos de vigência do acordo, a economia do Canadá estagnou e o país tornou-se mais dependente e vulnerável e assistiu a forte degradação social e do meio-ambiente. Atualmente, muitos se questionam sobre o futuro do país como nação soberana.
Desde a implantação do Nafta quem mais sofre são os trabalhadores canadenses perderam os seus empregos. A renda per capita no Canadá correspondia, em 2000, a menos de dois terços da renda dos EUA, e prevê-se que ela chegara a 50% ainda na primeira década do século XXI como decorrência da falta de oportunidades
Na década de 1970, antes da implantação do acordo com a economia mexicana crescia, em média, 6,6% ao ano. Na década de 1990 o crescimento despencou para 3,3%. Em 2002 a economia cresceu menos de 2 %
Os alardeados benefícios do nafta mostraram-se um fiasco. O acordo deveria incentivar o ingresso de capital estrangeiro, promovendo o desenvolvimento econômico e a distribuição de renda. Na verdade houve maior fluxo de capital externo para o país – US$ 36 bilhões entre 1998 e 2000. Mas, no mesmo período, a remessa de juros e lucros para o exterior, especialmente para os EUA, foi de US$ 48 bilhões. Ou seja, entraram US$ 36 bilhões e saíram US$ 48 bilhões. 
Além disso, no final de 2000, a divida externa já superava US$ 163 bilhões, mais que o dobro do valor em 1982, quando a crise da divida externa no México abalou o mercado mundial. Além de elevar a vulnerabilidade externa, o Nafta agravou a dependência do país. Antes o México mantinha relações comerciais mais diversificadas com vários parceiros hoje depende totalmente dos EUA, origem de 74% das importações e destino de 89 % das exportações do México
O aumento das exportações esconde que elas dependem de cerca de trezentas empresas, a maioria delas filiais de norte americanas, isso sem falar das empresas apelidadas de “maquiladoras”, que importam quase tudo do exterior e crescem a custa da mão-de-obra do México dez vezes mais barata que a dos EUA.
AS EMPRESAS MAQUILADORAS
São empresas instaladas na fronteira entre EUA e México, em cidades como Tijuana, Maexicali, Matamoros e Ciudad Juarez, surgiu no México na década de 60, como forma de gerar empregos nas regiões pobres da fronteira com os EUA não respeitando as leis de trabalho e as normas ambientais, uma atividade que não agrega valor e nem tecnologia.
Com o advento do Nafta o fenômeno se expandiu devido à inexistência de tarifas entre os três países o que favoreceu a importação de componentes e a exportação de produtos acabados
Além das péssimas condições de trabalho, a média salarial e de somente três dólares por dia, normalmente os trabalhadores vivem em favelas, sem eletricidades, sem esgoto ou água encanada. A instabilidade e a precariedade dos empregos fazem com que muitos mexicanos, tentem melhor sorte atravessando a fronteira com EUA.
ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS (ALCA)
As negociações para a criação da ALCA foram iniciadas na I Cúpula das Américas, realizada em Miami, Estados Unidos, em 1994, organizada então pelo presidente Bill Clinton, mas discussões foram interrompidas por anos por conta de trâmites no congresso norte-americano.
Apesar dessas limitações, as negociações começaram na II Cúpula das Américas realizada em Santiago do Chile, em abril de 1998. Três anos depois, na III cúpula realizada, em Quebec, Canadá os lideres dos países reunidos aprovaram o calendário para a conclusão das negociações e a entrada em vigor do acordo de livre comércio. Em novembro de 2002, na reunião Ministerial de comércio realizada em Quito, Equador, O Brasil e o EUA assumiram a co-presidência das negociações até seu final ficando decidido que a ALCA entrará em vigor em 2005.
Subjacente á proposta de implementar a ALCA, fica evidente a retomada do interesse norte americano pela América Latina, região marginalizada durante a Guerra Fria, quando a Europa era o centro das atenções. Na atual economia globalizada, os EUA pretendem reafirmar sua hegemonia sobre o continente. 
A possível criação da ALCA é motivo de preocupação tanto para os países subdesenvolvidos (a maioria) quanto para os desenvolvidos (Canadá e Estados Unidos). Esse bloco visa estabelecer uma zona de livre comércio no continente americano, onde as tarifas alfandegárias seriam, paulatinamente, eliminadas, proporcionando, assim, a livre circulação de mercadorias, capitais e serviços. Entretanto, a livre circulação de pessoas e trabalhadores entre os países integrantes não seria permitida, pois o idealizador da ALCA (EUA) não pretende intensificar a entrada de latino-americanos em seu território.
Fazer parte da ALCA em condições desvantajosas certamente significará prejuízos para o Brasil, entretanto se não ingressar no bloco, o país terá dificuldades, tanto para entrar no almejado mercado norte-americano, como no mercado latino-americano no qual enfrentaria a concorrência com os produtos dos EUA.
Nesse sentido, a maioria dos países da América Latina interpreta a criação da Alca como uma manobra dos Estados Unidos para a expansão de suas empresas transnacionais pelo continente. Porém, há opositores também nos EUA, alegando que o bloco econômico diminuiria o número de empresas no país, visto que muitas delas migrariam para outras nações americanas em busca de mão de obra barata

A política que o governo do presidente Luís Inácio lula da Silva tem adotado é a mesma do governo Fernando Henrique Cardoso: a de fortalecer o MERCOSUL para entrar numa negociação em bloco com EUA, tentando obter o máximo de vantagens. Em 2003, a eleição de Nestor Kirchner como presidente da Argentina que já manifestou apoio à proposta “4 + 1” do Brasil. O governo norte-americano, em contrapartida, tem feito concessões a países mais fracos, buscando isolar os integrantes do MERCOSUL.
O Brasil (e os outros membros do MERCOSUL) terá grandes dificuldades para negociar com os EUA, mais poderoso e empenhado em defender seus interesses, muitas vezes entrando em choque com outros países.
Para a negociação ser bem sucedida, o governo brasileiro terá de agir com firmeza e precisará do apoio da sociedade brasileira e de consenso entre os sócios do MERCOSUL. 
 UNASUL: UMA RESPOSTA A ALCA
A UNASUL (União de Nações Sul-Americanas) é um bloco que visa fortalecer as relações comerciais, culturais, políticas e sociais entre as doze nações da América do Sul – Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela –, além da participação, como observadores, de dois países da América Central: México e Panamá.
Esse projeto foi proposto em 2004, durante uma reunião de Chefes de Estado e de Governo dos países sul-americanos, realizada no Peru, na cidade de Cuzco. Nessa ocasião, foi estabelecida a Comunidade Sul-Americana de Nações, que passou a ser chamada de União de Nações Sul-Americanas em 2007, durante um encontro para discutir questões energéticas do subcontinente.
No dia 23 de maio de 2008, em Brasília, os representantes políticos dos 12 países sul-americanos assinaram um documento formalizando a criação da UNASUL, que entrará em vigor após o tratado ser ratificado por no mínimo nove integrantes do bloco. Conforme esse documento, a UNASUL será estruturada da seguinte forma:
- Conselho de Chefes de Estado e de Governo.
- Conselho de Ministros das Relações Exteriores.
- Conselho de Delegados.
- Secretaria Geral.
Além desses departamentos, foram desenvolvidos outros sete Conselhos Ministeriais, que atuam nas áreas de energia, saúde, defesa, desenvolvimento social, combate ao narcotráfico, infraestrutura e planejamento, educação, cultura, ciência, tecnologia e inovação. A presidência do bloco é exercida por representantes de governo, com duração de um ano, sendo alternada seguindo a ordem alfabética das nações integrantes.
O estabelecimento da UNASUL será de grande importância para a integração desses países, pois, através da implantação de uma zona de livre comércio, haverá maior flexibilidade nas relações comerciais, circulação de pessoas e mercadorias. Outro aspecto relevante é a união dos dois blocos econômicos da América do Sul, MERCOSUL e Pacto Andino (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela), além da possibilidade de criação de uma moeda única, denominada “pacha”.
UNIÃO EUROPÉIA
Depois de terminada a Segunda Guerra Mundial, a Europa se encontrava praticamente devastada, então alguns países como Países Baixos (Holanda), Bélgica, Luxemburgo, em razão das condições econômicas fragilizadas provenientes da guerra e diante da impossibilidade de reconstrução independente, resolveram se agrupar para se fortalecer e retomar o crescimento novamente.
Essa união foi iniciada em 1944, mas consolidou efetivamente no ano de 1948, com o nome de Benelux, essa denominação é proveniente dos três países que compõem essa união (Bélgica, Holanda e Luxemburgo). A união tinha como objetivo criar incentivos tributários e aduaneiros entre os componentes do grupo, e posteriormente um incremento nas relações comerciais.
Em 1950 foi elaborado o Plano Schuman com objetivo de criar um mercado comum, no primeiro momento o plano se limitou à homogeneização da produção de aço e carvão na Alemanha e França, com possibilidades de abranger, dentro desse processo, outros países do continente europeu.
Para instaurar a união na produção da indústria de base na Europa, no ano de 1951, foi criada a CECA (Comunidade Européia do Carvão e do Aço), essa instituição foi proveniente do Tratado de Paris, os países que faziam parte eram Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo.
O sucesso concreto do Benelux e da CECA deu origem ao Mercado Comum Europeu, chamado também de Comunidade Econômica Européia, por meio do Tratado de Roma em 1957, nesse período, França, Alemanha e Itália ingressaram para estabelecer uma flexibilidade na livre circulação de mercadorias entre os membros. Outro motivo da criação era o anseio de superar a hegemonia norte-americana e soviética, que representava as maiores potências da época.
Mais tarde, em 1991, foi assinado o Tratado de Maastricht, no entanto, só teve início realmente em 1993, agora com um novo nome: União Européia (UE). Dessa forma os países que compõe o bloco econômico são: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Holanda, França, Itália, Reino Unido, Irlanda, Luxemburgo, Espanha, Grécia, Portugal, Suécia e Finlândia.
A efetivação da UE estabeleceu também a circulação de uma moeda única nos países que compõe o bloco que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2002, além da implantação de taxas de juros e carga tributária comum a todos integrantes. Nem todos os participantes do bloco aceitaram substituir suas moedas nacionais pelo Euro, como Reino Unido, Suécia e Dinamarca. O processo para conceber uma moeda única no bloco, foi impulsionado pela criação do Banco Central Europeu com a intenção de coibir a inflação e administrar a área econômica dos países membros.
Na UE existem organismos supranacionais que desenvolvem medidas em diferentes seguimentos entre eles o meio-ambiente, desenvolvimento industrial, infra-estrutura, transporte e telecomunicação. Além da liberdade na circulação de mercadorias, bens, serviços, capitais e pessoas. A uniformidade das taxas de juros, tributos e circulação de mercadorias facilitaram o crescimento econômico desse importante bloco.
Devido à solidez alcançada pela UE, o bloco não descarta a possibilidade de outros países o integrarem. Porém para que um país seja aceito na UE é preciso que atinja os pré-requisitos estabelecidos pelo bloco no campo político, econômico e social.
A partir de dezembro de 1999 ficou definido que outras nações Européias iriam integrar o bloco passando a ser composto por 27 países, mas os novos integrantes serão efetivados, caso sejam aceitos a partir de 2003, são eles: Turquia, Polônia, Hungria, Chipre, República Tcheca, Eslovênia.
Quando o bloco estiver totalmente completo o volume de capital vai atingir níveis aproximados de 500 bilhões de dólares, isso mostra a potencialidade do mais importante bloco econômico do mundo e o único que ameaça a hegemonia norte-americana.
CRISE EUROPÉIA
A Europa sempre considerada uma região de altíssimo nível econômico e bem estar, nos últimos anos tem passado por turbulências econômicas. A formação de uma crise financeira na zona do euro deu-se, fundamentalmente, por problemas fiscais. Alguns países, como a Grécia, gastaram mais dinheiro do que conseguiram arrecadar por meio de impostos nos últimos anos. Para se financiar, passaram a acumular dívidas. Assim, a relação do endividamento sobre PIB de muitas nações do continente ultrapassou significativamente o limite de 60% estabelecido no Tratado de Maastricht, de 1992, que criou a zona do euro. No caso da economia grega, exemplo mais grave de descontrole das contas públicas, a razão dívida/PIB é mais que o dobro deste limite. A desconfiança de que os governos da região teriam dificuldade para honrar suas dívidas fez com que os investidores passassem a temer possuir ações, bem como títulos públicos e privados europeus.
Os primeiros temores remontam 2007 quando existiam suspeitas de que o mercado imobiliário dos Estados Unidos vivia uma bolha. Temia-se que bancos americanos e também europeus possuíam ativos altamente arriscados, lastreados em hipotecas de baixa qualidade. A crise de 2008 confirmou as suspeitas e levou os governos a injetarem trilhões de dólares nas economias dos países mais afetados. No caso da Europa, a iniciativa agravou os déficits nacionais, já muito elevados. Em fevereiro de 2010, uma reportagem do The New York Times revelou que a Grécia teria fechado acordos com o banco Goldman Sachs com o objetivo de esconder parte de sua dívida pública. A notícia levou a Comissão Européia a investigar o assunto e desencadeou uma onda de desconfiança nos mercados. O clima de pessimismo foi agravado em abril pelo rebaixamento, por parte das agências de classificação de risco, das notas dos títulos soberanos de Grécia, Espanha e Portugal.
Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha - que formam o chamado grupo dos PIIGS - são os que se encontram em posição mais delicada dentro da zona do euro, pois foram os que atuaram de forma mais indisciplinada nos gastos públicos e se endividaram excessivamente. Além de possuírem elevada relação dívida/PIB, estes países possuem pesados déficits orçamentários ante o tamanho de suas economias.
OMC (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO)
“Quanto à OMC, diz-se a organização que regula o comércio internacional, mas na realidade o que encontramos todos os dias, é uma regulação que beneficia sempre os mesmos. Os países pobres deixam os seus frágeis mercados abertos para os produtos dos países desenvolvidos, enquanto que os países desenvolvidos colocam tarifas e tarifas sobre produtos que os países pobres têm e que podiam ser uma mais valia para estes.”  
Nuno Leitão*GeografoFCSH-UNL - Dept. Geografia
Sediada em Genebra, Suíça, tem como missão facilitar, ampliar e estabelecer as “regras do comércio” entre seus 150 Estados membros (junho/2007). Para isso, a organização busca a liberalização do comércio, atuando também como um fórum para que representantes de diferentes governos discutam acordos e resolvam possíveis disputas comerciais.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, vários países decidiram estabelecer regras para as relações comerciais internacionais. Nascia assim o primeiro grande acordo para liberar e impulsionar o comércio após a crise de 1929, momento onde inúmeras barreiras protecionistas foram erguidas (como vimos em outra aula, a adoção do modelo Keynesiano). A partir de 1946, representantes de 23 governos iniciavam as negociações que resultaram em inúmeras concessões tarifárias e o estabelecimento de normas denominadas de GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) em 1948. Inicialmente estes acordos serviriam de base para a criação da OIC (Organização Internacional do Comércio), mas o governo americano decidiu não levar adiante este ambicioso projeto e assim o GATT que teria atuação provisória acabou por vigorar por mais de quatro décadas.Em 1986, na cidade de Montevidéu, Uruguai, começava a mais longa negociação do GATT, denominada Rodada Uruguai. Neste instante, questões relacionadas a serviços, medidas anti-dumping e direitos sobre patentes e propriedades intelectuais em geral passaram a fazer parte das discussões do órgão. No término da Rodada Uruguai em 1994 foi anunciada a criação da OMC – Organização Mundial do Comércio – que entraria em vigor em 1995. Neste momento um dos maiores impasses entre os Estados membros da OMC (Organização Mundial de Comércio) estava no combate à pirataria e por este motivo a República Popular da China tardou a entrar na organização. Alguns especialistas afirmam que com a entrada da China na OMC o comércio mundial poderá se expandir de maneira sem precedente na história. As negociações que visam à entrada da Rússia acabaram sendo interrompidas por inúmeras divergências. A última reunião da OMC, Rodada de Doha (Catar, 2001), ficou marcada pela aceitação da China e pela tentativa liderada pelo Brasil (G20) de forçar os países ricos a reduzir suas barreiras protecionistas e assim permitir um maior desenvolvimento dos países agro-exportadores. Considerada uma rodada falida, exceto pela aceitação da China a rodada de Doha não foi oficialmente finalizada e no momento (Junho/2007) representantes do G4 (Estados Unidos, União Européia, Brasil e Índia) se reúnem em Potsdam, Alemanha, para buscar retomar as negociações e salvar a Rodada. Os americanos alegam que seus subsídios agrícolas se justificam pelo alto custo de produção interno e acusam o Brasil de não reduzir o protecionismo aos produtos industrializados. A União Européia alega que sem o protecionismo seus agricultores e pecuaristas não sobreviveriam no atual mercado globalizado. Enquanto isso, Brasil e a Índia insistem em negociar, mas pouco tem a oferecer.
POLÍTICA E SUAS FORMAS FORMAS DE MANIFESTAÇÃO NO CAPITALISMO E SOCIALISMO
Iremos dar inicio aos estudos sobre a política e suas formas de manifestação, envolvendo o sistema capitalista e socialista no contexto histórico geográfico da bipolaridade do poder.
Hoje, a política está presente em todas as dimensões da vida social, sendo uma palavra bastante usual em nossas relações diárias expressas por meio dos telejornais, revistas enfim uma infinidade de meios de comunicação que habitualmente se utilizam dessa nomenclatura como: política estudantil, política econômica, política da igreja enfim.
Percebemos, portanto, que fazemos política todos os dias por intermédio de nossas articulações cotidianas o que nos confere o status de seres politizados rompendo com uma relação que se procura tornar obrigatória que seria a chamada política partidária, aquela que muita gente acha chata e quando houve falar procura manter distância.
Dessa forma, fazer política deve levar em consideração o bem da sociedade, trocando em miúdos seria o bem de todos e todas que fazem parte do convívio social.
Para sermos mais claros em nossa definição sobre política, tomamos emprestada a definição dada por João Ubaldo Ribeiro no livro “Política: quem manda, por que manda, como manda”, onde a definição se dá da seguinte forma:
No curso disso podemos qualificar a prática de canalização de interesses que é o objeto da política em política administrativa, política partidária, política para os pobres e também na chamada política educacional. Esta última tem sido negligenciada no Brasil, ou melhor, sua aplicação não tem sido efetivada com sucesso, em nosso país, as políticas públicas voltadas para a educação sempre são deixadas em segundo plano nas estratégias governamentais.
A própria educação pelo seu papel reprodutor e inovador, precisa de investimentos coerentes com a sua realidade, mas, no entanto o que nos deparamos em nosso país são ações incoerentes onde é melhor não conceder ao tecido social a consciência necessária para que a sociedade não perceba as reais intenções políticas de alguns de seus representantes.
Como sabemos a educação é um direito humano significativo para o convívio social, porque dela depende a realização de projetos de vida no âmbito individual, e ainda os projetos coletivos sociais e culturais. Portanto a finalidade das políticas educacionais seria o reconhecimento e garantia do direito a educação para todos, estes direitos constam na Constituição da República Federativa do Brasil, no entanto a inadimplência do Estado perante a manutenção destes deveres para a sociedade compromete o andamento inerente do processo educacional no Brasil.
Visando contextualizar as manifestações políticas e suas inter-relações histórico-espaciais recorremos ao período pós 2ª Guerra Mundial, conhecido como Bipolaridade do Poder, caracterizados por uma disputa política entre EUA e URSS.    
OS PRINCIPAIS SISTEMAS E A ESTRUTURAÇÃO ECONOMICO E POLITICO NO PÓS SEGUNDA GUERRA
Antes de abordarmos os modos de produção capitalista e socialista, que tal descobrirmos os outros modos de produção que existiam antes destes?
O primeiro modo de produção foi o primitivo comunitário, onde as relações de produção tinham como base a propriedade comunitária, portanto a igualdade econômica entre os indivíduos era mais visível; o segundo diz respeito ao escravismo, que consistia em escravizar as pessoas e a partir daí vender a força de trabalho, nesse momento já percebemos que a vivência entre os homens era permeada pela violência e ausência de solidariedade para o bem comum. O terceiro corresponde ao modo de produção feudal, no qual se tinha um sujeito chamado senhor feudal que era o dono da terra e que detinha o controle e posse da terra, sendo que outros sujeitos que moravam nessas áreas deviam obediência ao senhor feudal sendo que tudo que produziam no solo teria que ser dividido com ele. Percebemos claramente que essa relação era desigual, pois enquanto o senhor desfrutava de regalias os servos trabalhavam e se esforçavam ao extremo, tendo ainda que dividir tudo o que produzia com o Senhor feudal.
Atualmente sabemos que os EUA são a economia mais forte do mundo, já na fase do capitalismo comercial, Espanha e Portugal detinham a hegemonia e eram as economias mais sólidas desse período. Neste momento novas descobertas foram feitas por essas duas superpotências (onde incluímos o Brasil), o real interesse dessas potências eram as chamadas especiarias. Esses produtos eram especiais para época, portanto a busca por tais suprimentos fez com que houvesse uma expansão desses países pelas diversas partes do mundo o que resultou na descoberta de novos espaços.
Outra fase do capitalismo é a industrial. As máquinas passaram a ser utilizadas em larga escala, tornando ultrapassados os métodos de produção anteriores, de caráter artesanal. Esse processo ficou conhecido como Revolução Industrial e teve seu início na Inglaterra. A Revolução Industrial introduziu uma forma mais eficiente de produzir mercadorias em menor tempo através da máquina a vapor o que possibilitou conseqüentemente o surgimento da locomotiva a vapor e dos navios, aumentando a circulação no espaço mundial.
Na última fase dos modos de produção aqui analisados temos o capitalismo financeiro ou monopolista. Neste período temos a proliferação de grandes empresas monopolistas, que acabam por irradiar seus tentáculos por todas as partes do planeta, essas empresas são chamadas de transnacionais, pois agem fora das suas nações se disseminando pelo espaço.
Essa fase é caracterizada por um grande avanço tecnológico fruto dos acúmulos que se sucederam desde a fase comercial do capitalismo até os dias de hoje.  As distâncias se encurtam o mundo se torna menor pelo avanço nas comunicações e transporte, é uma fase que também chamamos de globalização onde a interação entre as diversas partes do mundo é quase que instantânea.
QUE TAL APRENDERMOS SOBRE OUTRO SISTEMA CHAMADO SOCIALISMO?
O Socialismo foi idealizado e teorizado por dois grandes sábios, Karl Marx e Frederich Engels, e colocado em prática pela primeira vez na Rússia em 1917 (sec. XX), tornou-se o primeiro país socialista da história. Logo depois, em 1922, com a adesão de algumas repúblicas, surgiu a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). O Socialismo é um sistema caracterizado pela apropriação dos meios de produção (industrias, empresas e etc) pela coletividade. Abolida a propriedade privada destes meios, todos se tornariam trabalhadores, tomando parte na produção, e as desigualdades sociais tenderiam a ser drasticamente reduzidas, uma vez que a produção poderia ser equitativamente distribuída.
O Socialismo surge primeiramente a partir de um conjunto de ideias contrárias à exploração de uma classe social por outra, o que, por sua vez, caracterizava o Sistema Capitalista de produção. O principal ponto de oposição entre o Socialismo e o Capitalismo reside no fato de que os principais objetivos do capitalismo são o capital, o lucro, os interesses materiais e a competição.
Agora que já sabemos o que é capitalismo e socialismo e as principais características e diferenças entre eles, vamos entender um período da história marcado pela oposição entre estes dois sistemas e que foi responsável pela configuração do espaço mundial por um longo período.
Como resultado da II Guerra Mundial, onde de um lado tínhamos os aliados (Inglaterra, França, URSS, e EUA) e do outro as nações do eixo (Alemanha, Itália e Japão), sendo que nesse conflito o conhecimento sobre a geografia foi utilizado por ambos os grupos com intuito de aniquilar o inimigo, tem-se como vencedores desse conflito, os EUA assumindo a liderança do mundo capitalista, já que os demais países que outrora foram poderosos como França e Inglaterra estavam destruídos pela guerra.  A URSS também saiu vencedora consolidando um outro bloco de cunho socialista sob sua liderança. Merece destaque ainda, o leste europeu que, com o fim da II Guerra, sofreu influência direta da URSS e tornou-se socialista.
É importante destacar que tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética tornam-se, ao final da II Guerra, superpotências políticas, econômicas, diplomáticas e principalmente militares, com um grande poder em ameaçar a existência humana, pois ambas possuíam armas nucleares, portanto no mundo passam a coexistir duas grandes superpotências com modelos diferentes de gestão.
Caixa de texto: Símbolo da Organização das Nações Unidas (ONU)Apesar do clima de rivalidade que marcou este período, temos que destacar ainda o fato de que com o fim da II Guerra Mundial é criada a ONU (Organização das Nações Unidas) com o papel de assegurar a paz e a segurança no mundo, promover a cooperação internacional buscando resolver problemas econômicos, sociais, culturais e humanitários.
Desta forma criam-se condições para que os problemas que afligem a humanidade em todas as regiões sejam resolvidos através do diálogo com a participação do conjunto de países membros. Teoricamente se reduz substancialmente as chances de proliferação de novos conflitos das proporções das duas grandes guerras e se aposta no diálogo como forma de consolidar a paz.
Está nova ordem mundial dividia o mundo entre as duas superpotências vencedoras do conflito (EUA e URSS), é importante entendermos que o mundo não é dividido em duas partes geometricamente perfeitas, mas sim vão se configurando áreas de influências ou do capitalismo ou do socialismo.  Nestes termos, teremos a seguinte configuração do espaço mundial: a divisão em dois mundos, ou dois sistemas econômicos, ou seja, dois pólos de poder mundial, cada um sob a liderança de uma das superpotências. A esta configuração de equilíbrio do poder mundial chamamos Ordem Mundial Bipolar, marcada por um clima de rivalidades e hostilidades entre as duas superpotências. Esse período irá durar desde o fim da II Guerra Mundial até o período compreendido entre os anos de 1989 (queda do muro de Berlim) a 1991 (fragmentação da URSS). A esta característica da ordem bipolar chamamos “GUERRA FRIA ou Conflito LESTE/ OESTE”, que podemos conceituar da seguinte forma:
Não foi um conflito direto, pois nunca na história houve um conflito armado entre os EUA e a URSS, já que isto significaria o extermínio de toda a humanidade, haja vista que os dois (EUA e URSS) usariam suas armas mais poderosas, armas nucleares, coisa que nunca aconteceu, pois o nome Guerra fria nos mostra sutilmente que foi um conflito sem confronto direto mas com grande carga ideológica.
· Ambas a nações possuíam ideais de mundo diferentes (capitalismo e socialismo); difundindo as ameaças e o medo em todas as regiões do globo, gerou-se muita tecnologia neste período destacando-se as áreas nuclear, bélica e aeroespacial.
Podemos afirmar que todos os conflitos ocorridos no mundo neste período estiveram na esfera da Guerra Fria e sempre contaram com a participação direta ou indireta das duas superpotências, pois quando uma resolvia intervir diretamente enviando tropas para apoiar o seu aliado no conflito, a outra se limitava a treinar, armar, financiar e planejar as ações de seus aliados.
Os países derrotados precisavam se recuperar, então alguns planos foram feitos para oxigenar tais países e trazê-los para um dos lados em disputa, um exemplo é o Plano Marshall idealizado pelos EUA. 
As duas superpotências sempre estavam lutando em lados opostos. Desta forma, EUA e URSS disputavam a hegemonia (supremacia) do poder mundial, ou seja, cada qual queria ampliar sua área de influência sobre os domínios do outro. Essa disputa também ficou marcada pela corrida armamentista, os dois países cercaram-se de arsenais de armas nucleares sendo que ocorreram alguns conflitos que não representaram embates diretos entre EUA e URSS.
Guerra da Coréia - A Guerra da Coreia foi travada entre 25 de Junho de 1950 e 27 de Julho de 1953, opondo a Coreia do Sul e seus aliados, que incluíam os Estados Unidos da América e o Reino Unido, à Coreia do Norte, apoiada pela República Popular da China e pela antiga União Soviética.
Guerra do Vietnã
A guerra do Vietnã foi uma das mais sangrentas guerras uma massa imensa de soldados americanos e vietnamitas foram mortos nos campos de batalha no Vietnã entre 1965 e 1973 . A Guerra foi travada entre o Vietnã do norte, tendo como grande expoente e lider Ho Chi Mihn que orientava as ações do exercito vietnamita do (norte), e possuía um grande conhecimento sobre seu território além de ter a seu favor uma rede de túneis subterrâneos que permitiam grande mobilidade por todo seu espaço de combate.  Em contra posição tínhamos o Vietnã do sul, aliado aos Estados Unidos da América. Os Estados Unidos possuíam pouquíssimos conhecimentos sobe o relevo, vegetação e hidrografia da região do conflito o que dificultou a sua mobilidade na batalha.
A guerra do Vietnã forneceu numerosas provas que a geografia serve para fazer a guerra. O Vietnã possuía inúmeros diques que se fossem rompidos inundariam um grande parte do país facilitando o trabalho dos EUA, exterminando um grande números de pessoas, esse ataque aos diques não poderia ser feito de forma explicita, mas sim de modo discreto, pois a opinião pública viria ali uma prova de uma matança em larga escala. Portanto esses bombardeios deveriam ser feitos de forma sutil sendo precisos aos alvos, e é ai que a geografia entra. Só com o conhecimento geográfico do relevo e do solo é que os ataques poderiam se dar com sucesso, porém EUA acabou se retirando do solo vietnamita.
Abaixo temos uma música que retrata uma faceta da guerra do Vietnã:

“Era um garoto
Que como eu
Amava os Beatles
E os Rolling Stones..
Girava o mundo
Sempre a cantar
As coisas lindas
Da América...
Não era belo
Mas mesmo assim
Havia mil garotas à fim
Cantava Help
And Ticket To Ride,
Oh! Lady Jane and Yesterday..
Cantava viva, à liberdade
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou
Fora chamado na América...
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã
Lutar com vietcongs...” [...]

Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Roling Stones
Engenheiros do Havai – composição: Migliacci/lusini

Crise dos mísseis em Cuba Sem dúvida nenhuma foi um dos momentos mais assustadores da Guerra fria aconteceu em outubro de 62. Tudo começou quando as primeiras fotos tiradas de um vôo secreto que um Avião norte-americano fizera sobre Cuba foram reveladas. O mundo então resvalou pela primeira vez para uma possível guerra nuclear. As fotos indicavam, de maneira irrefutável, que os soviéticos haviam instalado na ilha, toda estrutura para abrigar mísseis nucleares, para quem não sabe Cuba fica no quintal dos Estados Unidos, essa proximidade deixou o mundo assombrado. Prontamente o governo Americano considerou aquilo como um inaceitável ato de guerra contra os Estados Unidos. O episódio ficou conhecido como Crise dos Mísseis.
Invasão do Afeganistão
Guerra do Afeganistão ou invasão soviética do Afeganistão foi um conflito armado de nove anos que começou em 1979, entre tropas soviéticas, que apoiavam o governo do Afeganistão, e rebeldes mujahidin , que procuravam derrubar o regime comunista no país. Nesse contexto, a União Soviética apoiou o governo, enquanto que os rebeldes receberam apoio dos Estados Unidos, do Paquistão e de outros países muçulmanos. Por ironia do destino, quando houve os ataques a Wolrd Trade Center nos EUA e logo depois a invasão americana ao Afeganistão, os EUA lutaram contra os mesmo rebeldes que eles ajudaram a armar contra os soviéticos no período da Guerra fria, e entre esses rebeldes mais tarde teria se formado o grupo Talibã onde Osama Bin Laden fazia parte e foi o grande idealizador dos ataque as torres gêmeas.
Surgimento do FMI (Fundo Monetário Internacional) O FMI foi criado para estimular o comércio internacional e promover ajuda econômica e fornecer assessoria técnica aos seus países-membros que viessem a apresentar problemas financeiros. A partir do FMI foram estabelecidas as regras básicas das relações financeiras internacionais.
A corrida espacial
A corrida espacial foi uma competição de tecnologia espacial entre Estados Unidos e URSS, ocorreu entre 1957 e 1975, essa corrida almejava a conquista do espaço e começou 1961, com a ida do primeiro homem ao espaço. Os Estados Unidos deu seu revés 1969 levando o homem à lua. A corrida espacial proporcionou o surgimento de novas tecnologias que impulsionaram ambas as potencias.  
Formação de Alianças Militares
Criação da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte - bloco capitalista).
Em de 1949, foi assinado o acordo que criava a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Entre os países fundadores, estavam os Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e outros nove aliados. Essa organização visava proteger os países que compunham o bloco capitalista, sendo que a OTAM podia intervir em conflitos militares que envolvesse algun dos países membros.
Atualmente a OTAM é formada por 19 países. Em 2002 a Rússia começou a participar do Conselho da OTAM “passando a se chamar conselho dos 20”
 Pacto de Varsóvia (bloco socialista)

Em 1955 em resposta a criação da OTAM, e com liderança soviética, tendo a finalidade de defesa militar comum a seus associados. Foi desfeita em 1991 em razão das recentes transformações do mundo Socialista, sua sede ficava em Moscou, seus antigos membros passaram para a OTAN.
É importante saber que durante este longo período as  desigualdades econômicas, sociais e tecnológicas existentes entre as várias regiões do planeta, marcadas pelas diferenças profundas entre o desenvolvimento (riqueza) e o subdesenvolvimento (pobreza) foram ofuscados pela rivalidade entre as duas superpotências. Apesar de alguns países tentarem se organizar a partir de sua posição de neutralidade com relação a este conflito (conferência dos não alinhados), estes não conseguiram maior projeção no cenário mundial marcado pela Guerra Fria.
O FIM DA GUERRA FRIA.
O declínio e, finalmente, a desintegração da URSS puseram fim à Guerra Fria e ao sistema bipolar, tendo como grande símbolo a derrubada do Muro de Berlim que dividia as duas Alemanhas, uma socialista e outra capitalista, abrindo uma nova era de incertezas na construção de uma nova ordem mundial, numa conjuntura marcada pelo acirramento da competição econômico-tecnológica mundial.